domingo, 3 de outubro de 2010

Conto de fadas X Realidade

Estou em estado de êxtase! Apesar de ser dia de votação e um dia cheio de correção de provas e digitação de conteúdos, um fato fez o meu dia. Terminei agorinha de ler a coleção das Crônicas de Nárnia. Demorou...afinal são 740 páginas para vencer, mas aos poucos eu fui me encantando e me apaixonando por esse lindo livro. Para dizer a verdade, enchi a paciência do meu marido nesses últimos dias dizendo coisas tipo "amoooor, faltam só 10 páginas, que que eu vou fazer da minha vida quando eu terminar?? Não vai ter mais Nárniaa!!". Mas, fazer o que, tudo que é bom acaba rápido demais como aquele bolo de chocolate perfeito que a mãe só faz uma vez por mês ou o silêncio de uma sala da 7a. série. A vida é assim mesmo.

Mas, terminando de ler aquele livro, refleti um pouco nas palavras de C. S. Lewis (quem ainda não conhece esse autor PELO AMOR DA VACA LEITERA larga o alimento calórico que está nas suas mãos, deixa de comprar revistas de novelas por algumas semanas e se dirija à livraria mais perto de você, agarre o primeiro livro que aparecer na sua frente!)onde ele faz uma defesa dos livros de conto de fada. Para te situar um pouco, as Crônicas de Nárnia normalmente não são o estilo de livro que gosto desde que passei da fase de pedir para a mamãe me contar uma história de nanar, mas quando soube da história por trás da história, não pude resistir. A história, apesar de ser fictícia, foi uma forma de C. S. Lewis contar para as crianças o enredo da Bíblia. Então, o leão que salva a humanidade pela sua morte e ressurreição é o retrato de Jesus e o livro todo é a história da salvação só que de uma forma que quem não conhece a Bíblia lê sem nem suspeitar de nada!

Isto dito, fiquei meio apreensiva porque desde adolescente ouvindo que essas coisas faziam mal, que contos de fadas são perigosos porque podem colocar a criança "fora da realidade" e não entender direito o que é verdade e o que é mentira. Até certo ponto concordo...mas existe um outro lado da história...

Talvez o que deixamos passar por alto é que as histórias que mais nos "tiram da realidade" são aquelas que retratam o dia-a-dia. Lembro-me bem quando criança outra coisa, que ao ver filmes ou ler livros de famílias perfeitas, imaginei que todas eram assim já que era isso que aparecia na TV e nos meus contos para dormir. Até que com 8 anos veio o grande choque...a minha não era. Entrei num avião e desde então só vejo meu pai nas férias. Ouvia histórias de pessoas boas que ajudavam um ao outro e que o mundo iria sempre mudar para melhor. Até que com 14 anos vi dois aviões colidindo propositalmente nos dois edifícios com que meses antes eu havia me maravilhado ao vivo e a cores. Aprendi ao sentar-se do lado da minha mãe e do meu pai com um livro na mão, que a fé era inabalável até que tive os dias em que nem mesmo sabia no que cria. Vi nas revistas corpos perfeitos, cinturas finas e bundas lisas...até que encarei meu corpo alguns meses atrás vários quilômetros distantes desta realidade. Li nos livros para adolescentes que os únicos problemas que eu teria seriam as espinhas na testa e a escolha de uma faculdade, nunca me foi dito sobre as crises espirituais e existenciais pelos quais eu passei.

Dito isso, não acredito que uma criança seja levada a acreditar em tudo que ela lê num conto de fadas, num anão briguento, numa fada que realiza desejos e nem menos um urso falante. O pior é quando é retratado a "realidade" de forma que ela realmente acredite que a vida é assim, só para depois dar de cara com o chão. Aí mora o verdadeiro perigo.

Por que a Bíblia é a história perfeita para crianças? Porque ali está a realidade, nua e crua, de como é nossa vida e daqueles que viveram antes de nós. Contos de fadas preenchem aquela nossa sede pelo desconhecido e pelo mágico, mas a Bíblia é a única merecedora de ser chamada de Livro Sagrado.