segunda-feira, 24 de maio de 2010

Não perco tempo.

Meu lindo marido voltou para o escritório com o tal odor. Não...calma...não é o odor que vocês estão imaginando (se é que tiveram tempo para raciocinar para esse lado), mas dos cheiros compostos que me inojam: chá e mel. Chá já é uma das piores invenções do ser humano. Confesso de braços abertos, sou uma detestadora de chá...nem o cheiro de tutti fruti num chá me atrairia. Credo...não consigo imaginar em algo tão ruim como uma água de torneira transformada em algo com um gosto sutil de qualquer coisa! Mas, esse é o chá...

Agora o mel tem toda uma outra história comigo. Eu gosto de mel. Um pão torrado com margarina e mel é algo que minha mãe fez questão de incucar na minha cabeça como "lembrança da infância" (no mesmo departamento em que estão os ossos quebrados e cheiro de vick vaporub). Mas eu tenho um "tick", como coloco em outras palavras...abnormalidade, aberração, idiocícrase, etc. Não suporto mel misturado em qualquer outra coisa: leite com mel, água com mel, suco com mel, batida com mel, vitamina com mel, milkshake com mel. O que o povo quer tentar colocar na minha humilde cabecinha é que mel serve para adoçar as coisas de forma mais saudável e saborosa que o açúcar! O que tenho a dizer sobre isso? NADA A VER!

Nada foi tão mal divulgado em nosso mundo (fora que estamos alcançando a paz mundial e que o Lula é o cara) como isso. Sabe por que? O tal do mel, diferente do tal do açúcar, TEM GOSTO PRÓPRIO! Se você coloca o açúcar (bom e terrível açúcar) você sabe que a coisa (o que você está tomando) está doce, mas não fala "nossa, tem açúcar nesse chá!", só é lógico, se a criatura que o preparou exagerou. Mas do contrário, está tudo na sua perfeita normalidade, agora quando o tal do líquido tem mel, é inconfundível! Ou tem mel, ou não tem e ponto final. E o gosto do mel acaba com o gosto de qualquer que seja o que você está comendo ou tomando.

Talvez uma ilustração grande demais para a situação que vejo todos os dias, mas achei necessário. É tão triste notar em todas as salas de aula que entro a cada período, meninos e meninas que tinham tudo para serem diferentes (no bom sentido quero dizer!), para serem exatamente aquilo que Deus sonhou para a vida deles. Existem lampejos durante a aula que me mostram que estas criaturas pensam, tem idéias próprias, sentimentos e emoções inéditas. Que poderiam ser o próximo Henry Ford, Alexandre G. Bell ou a próxima Evita Peron ou Rachel de Queiroz. Sei que meus alunos tem potencial, se não acreditasse nisso não estaria perdendo o meu tempo e energia gritando para eles estudarem e se dedicarem mais, de pararem de brincar e perder tempo com coisas fúteis...não acredito em perder tempo. Meu lema de vida é "otimizar o tempo", não sei passar alguns poucos minutos fazendo coisas inúteis, pra mim a vida é muito curta para ser gasto em bobagens. E se eu não gosto de perder tempo, imagina Deus! Não imagino por um segundo que Ele tenha "perdido tempo" criando e pensando em cada um de nós, e em cada um dos meus alunos.

Mas o triste é ter que comparar a maioria deles ao mel. Por alguns microsegundos consigo vê-los como aquele puro mel degustado em sua maior grandeza, mas esses saudosos microsegundos passam rapidamente quando reparo que preferem "se misturar", fazer parte da galera, do grupo, daqueles que diariamente rebaixam sua auto-estima mas aumentam sua popularidade, daqueles que fizeram como objetivo de vida serem derrotados e fracassados, e somente conseguem passar pelas 24 horas do dia por que foram o "terror" da sala e fizeram um ou outro rir por alguns segundos. E é nesse momento, em que vejo o mel se misturando com o péssimo chá, com o leite sem graça, com a batida sem gosto, que meu estômago se retorce, meus olhos se entristessem e vejo mais uma vez que talvez aquela aula seja intragável. Oro por esses, e por outros que sei que estão por aí...poderiam ser grandes, mas preferem se tornar esta mistura irreparavelmente horrível.

Mas eu? Eu ainda não estou perdendo o meu tempo. Ainda vou comer torrada esse ano.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ordem e progresso.

Hoje tem jogo. E o pior? Com o time do meu marido, o São Paulo. Esse é um dia que eu evito pensar que vá chegar, ainda mais em uma copa do Brasil. Se é um amistoso eu ainda consigo destraí-lo para fazer outra coisa, mas com a copa não existe batalha, a questão já está resolvida muito antes até de ser colocada em pauta: a preferência é o jogo.

Meus alunos adoram me perguntar de que time sou (nesse estado é uma pergunta ainda mais necessária do que "qual o seu nome?"), mas detestam minha resposta. A verdade é que, de uns 6 anos pra cá, eu sou uma sem-time. Não tenho time nenhum e não pretendo ter pelo restante dos meus dias aqui na terra. Detesto futebol. Mas não pelo esporte em si, acho muito lindo o talento que alguns demonstram, uma habilidade realmente invejável. Porém, eu detesto o que este jogo trás à tona no ser humano, principalmente o brasileiro.

Poderia passar muito tempo aqui listando tudo o que eu desgosto sobre isso mas tentarei ser breve. Primeiro, qualquer coisa que envolva eu disponibilizando 1 hora e meia para ver 11 homens suados e fedorentos correndo atrás de uma bola é muito mais do que posso suportar. Os times nem mesmo poderiam representar o meu lindo estado do Rio Grande do Sul, me trazer um orgulho gaúcho, por que a MINORIA (se é que existe algum) dos jogadores nem mesmo viveram nesse estado! Então, vem talvez a desculpa que simpatizamos com o jogador e queremos permanecer leais a eles...pois aí vem o meu maior trauma. Eu era torcedora do Grêmio na minha infância, o Grêmio do Jardel, Paulo Nunes e outros grandes jogadores. Agora...o jogador de futebol é que nem pastor de igreja, você nem pode começar a gostar que já muda de camiseta. Mas o pior de tudo está por vir...e é o sentimento de raiva, ódio e repulsa que os torcedores criam pelo outro time, ou seja, pelas PESSOAS do outro time. Quando o assunto é futebol, você esquece os sentimentos e o próprio senso de dignidade das outras pessoas...se é de futebol que está sendo discutido, aí pode chamar o amigo de 500 palavrões, dizer que os Corintianos são todos desempregados, que os São Paulinos são gays e que os Flamenguistas são faveleiros. Perde-se toda a noção de sermos criaturas criadas à imagem e semelhança de Deus, tudo em nome da bola de futebol que tem que entrar na rede!

Oito porcento da população pode dizer que não tem religião, dez porcento da população pode dizer que não tem candidato na eleição e mais de sessenta porcento pode até dizer que não tem dinheiro para pagar suas dívidas...mas dizer que você não tem time de futebol?? Isso é uma blasfêmia digna de apedrejamento!

E nós somos o país da ordem e do progresso. VIVA O BRASIL!

terça-feira, 18 de maio de 2010

A moda do mimo.

Sou filha caçula, por isso não posso mentir dizendo que não fui um pouco mimada (tá bom, talvez não um pouco, mas muito). Mas, graças a Deus, as consequência desse mimo não infectou a minha vida e meu caráter, pelo menos até onde pude detectar. Mas hoje, e desde que comecei a dar aulas, tive que enfrentar esse grande mal que cada vez mais está devorando a vida das crianças da nossa sociedade.

Talvez você possa me chamar de exagerada e dizer que o real problema das nossas crianças, adolescente e jovens são os pais desinteressados e indisciplinados. Os especialistas dizem que são os filhos de pais desinteressados que se tornam os drogados, os maloqueiros, os maus caráter. Porém, venho diante de vós hoje com a minha mais recente teoria, e a defenderei com minhas unhas mal cortadas e meus dentes não-escovados.

Como professora de EPV (Educação para a Vida) ensino, ou tento ensinar, meus alunos de 5a. a 7a. série como viver a vida de verdade. Cansei de olhar aqueles planejamentos de professores anteriores que abordaram assuntos como alimentação correta, apresentações sobre como se livrar das drogas, como fazer marca-páginas ou mexer com EVA. Entrei de sola na matéria querendo mostrar pra eles o que a vida realmente te exige. Então comecei: aulas de planejamento financeiro (como não se enfiar em dívida antes mesmo de receber a primeira fatura do cartão de crédito), aulas de como trocar um pneu (com direito a aulas práticas no carro da "sora"), boas maneiras (os pais como meus avaliadores profissionais durante uma semana) e cozinhar o básico de uma cardápio humano. O último (atividade dada hoje em sala de aula) foi o de como limpar a casa. A demonstração mais óbvia de que estamos mimando nossos filhos não foi a gritaria "Ai Soooorra, mas eu nunca limpei nada na minha casa!" ou "Pra que serve esse negócio chamado Desinfetante?". Mas foi à tarde, quando uma mãe fez o favor de dar uma passadinha na escola pra dizer que estava chocada com a atividade dada para os alunos limparem suas próprias casas.

Quer saber minha teoria? As dívidas do Brasil (que segundo o homem do rádio noticiou hoje, está presente na vida de mais de 25 milhões de brasileiros), os ladrões da alta sociedade, a maioria dos drogados, os vagabundos, os desempregados e alguns dos piores personagens da nossa sociedade estão assim hoje por causa desta palavra curta e simples: MIMADOS! Nunca aprenderam e lidar com dinheiro, nunca aprenderam a se virarem sozinhos, fritar um ovo, passar um pano, dizer "obrigado" e "por favor" e muito menos aprenderam e ir atrás daquilo que querem. Mas, em vez disso, aprenderam dos pais a nunca se preocuparem com guardar dinheiro e sempre pedir pro "papai", aprenderam que tudo que fosse pedido eles ganhariam, até uma faxineira quando as coisas estavam sujas, que bons modos são pra frescos e que se a professora pedir algo difícil, é só deixar que a mãe resolvi isso com a direção da escola.

Mas, lógico, no final do dia...a culpa é da professora de EPV.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sem script.

No meu caminho de ida e de volta da escola eu escuto as notícias na rádio. Não sei por que, mas me dá um ar de pessoa culta e informada ao declarar isso. Nunca fui chegada em notícias, não sei se porque sempre tive muitas outras coisas a fazer para ter tempo e paciência para me informar do que está acontecendo a 134.000km de distância ou porque eu não entendia a metade do que estava sendo dito ou que tinha sido escrito no jornal (isso poderia ser devido o meu fraquíssimo conhecimento no mundo da política e principalmente do futebol). O único assunto que eu conheço relativamente bem é religião e me parece que saiu de moda falar sobre ela nos noticiários, ou cansaram das mesmas notícias... Enfim, o fato é que com todas essas indas e vindas de 10 minutos cada para a escola e para casa, resolvi valorizar estes 40 minutos diários (pois é, são duas indas e vindas) para preenchê-lo com algo aparentemente culto e útil como ouvir as notícias. Mas, depois desse devaneio todo, chego ao ponto principal, que é o do que ouvi hoje. Confesso que a notícia elevou o meu ego e me deixou ainda mais motivada para escrever hoje.

O homem da programação anunciou que um especialista (especialista meeesmo, aquelas coisas de pós e mestrado e doutorado e pós-doutorado, blablabla) em comunicação verificou com suas pesquisas que os blogs perderam sua identidade. Disse que hoje em dia, a maior parte dos blogs assumiu um papel de noticiário como muitos sites de jornais. O que uma vez foi o papel do blog, como o de expor idéias e levar os leitores a refletir sobre a vida, a política e a religião...está hoje esquecido.

Então, caros amigos e família (se é que existe alguém que lê o meu blog além da minha mãe e meu marido), sinto-me orgulhosa hoje de ser uma remanecente...emocionante não? Não imagino que minhas idéias ou rebeldias por aqui sejam muito úteis para começar uma revoluçao no nosso país, mas pelo menos exponho aqui algumas coisas que considero relevantes pra mim. Infelizmente, essa pesquisa revela o quanto a nossa sociedade detesta fazer algo (nem sei se devo escrever tão claramente essa palavra, pois pode machucar alguns) chamado PENSAR...algo que tem saido de moda como o velho macacão que se usava quando eu tinha 12 anos.

O famoso CTRL C + CTRL V (copiar e colar para os mais incultos na área da informática) substituiu o pensamento profundo e a solução de problemas por si só. Hoje temos o Google buscas, o Google Maps (esse é muito útil no meu caso que tenho a capacidade de direções menor do que uma barata de cabeça pra baixo!), o Google Books, o Yahoo, o Wikipédia. Todos esses recursos para pensar por nós. Mas poucos param para refletir nas pequenas simplicidades e complexidades da vida e constroem um conceito próprio a respeito dos assuntos da vida.

Quando contei para o meu marido que havia criado um blog, depois de um sorriso, veio a pergunta que imaginava estaria na ponta de sua língua (e eu já tinha a resposta!): "Sobre o que é?" Minha resposta: "sobre o nada!" E só para um teste, contei para mais uns 4 ou 5 que eu havia criado um blog, e a pergunta repetiu-se mais algumas vezes, e alguns até tentavam adivinhar sobre qual o assunto, baseados em meus mais profundos interesses acadêmicos, só para receberem a resposta. O BLOG É SOBRE O NADA. Por que de repente, blogs tem que ter um assunto específico? Não poderia voltar a ser aquilo que ele foi criado para ser? Por que, na verdade, tudo tem que ter uma linha de raciocínio, ou um SCRIPT que devemos seguir em conversas, telefonemas, e-mails, encontros. Por que não podemos falar sobre aquilo que é realmente importante, mas sem impor sobre o adjetivo "importante" um padrão ou uma medida?

Bom, eu prefiro devanear, espero que você venha comigo...

domingo, 16 de maio de 2010

Domingos nublados.

Domingos para mim acompanham um sentimento estranho. Eles são um dia de folga sim, aquele cheiro de churrasco no ar (apesar de, sendo vegetariana, o cheiro não é tão atraente), a tradicional moleza no corpo de todos, todos os comércios fechados exceto farmácias. Mas, pra mim, por ser o dia livre mais perto da segunda-feira, não o concidero o mais prazeroso. Sexta-feira a tarde (está chegando o sábado...), sábado (dia maravilhoso)...aí chega o domingo (droga, amanhã já é segunda!). Talvez a minha alegria seja proporcional com a longitude das horas de segunda-feira...quanto mais longe, MELHOR! E alguns poderiam concluir com isso que não gosto do que faço. "Muito pelo contrário", diria a estes. Admiro muito o trabalho de uma professora e confesso admirar muito mais após me tornar uma. São raros os trabalhos que te ensinam algo novo TODOS os dias...mas, dito isso, quem não gosta de um fim-de-semana?

Mas este foi um devaneio...o que eu realmente queria analisar hoje foi uma cena assistida de dentro do Charlie (meu carro Celta vermelhinho...eu sei...carro com nome? que ridículo!). Estava esperando meu marido hoje pela manhã do lado de fora de uma de suas igrejas (atividade que me vejo cada vez mais frequentemente fazendo), lendo um livro (o mesmo...). Então, quando as palavras ficam anuviadas e já se começa a pensar na prima da vizinha da tia da sua mãe é sinal para se tirar os olhos do livro e tentar recobrar o foco. E nesses microsegundos de recobrança foi que notei que havia um menino dentro de um outro carro (Chevete bonitinho, inclusive recém lavado) e passei a me maravilhar com sua capacidade de se divertir tanto sozinho!

Esse menino de no máximo 3 anos ria e parece que sonhava com o que ele poderia fazer com aquele Chevete se ao menos ele tivesse a chave ou um super poder de fazê-lo voar e conduzi-lo com suas próprias mãos. Mechia com o espelho retrovisor, com a marcha, e principalmente com um interesse especial no volante (quem já não foi facinado por um volante?) Mas dentro de literalmente alguns segundos a alegria e o entusiasmo desapareceram. Ele havia descoberto o que viria a ser seu maior vilão: o vidro. Começou a bater no vidro e senti-lo e descobrir que havia um limite nas peripécies e sonhos dele. E ao descobrir isto abriu um bico do tamanho da louça que tenho pra lavar ali na cozinha.

Limites. Detestamos viver com eles mas não sobreviveríamos sem eles. Para o menino, talvez a pior coisa que poderia acontecer naquele momento. Para mim...uma oportunidade a menos de utilizar de meus escassos conhecimentos de primeiros socorros. Era por causa do vidro, das portas fechadas, do freio de mão, da ausência da chave, que o pai podia capinar ao lado em paz, sabendo que seu filho estava em um ambiente no mínimo de sobrevivência. Muitos adoram reclamar e murmurar dizendo que o ser humano deveria ser livre como um pincel na mão de um artista ao produzir a arte(esquecem-se das margens). Dizem que as leis que nos proibem de andar pelados na rua ou bater em um palhaço quando ele te incomoda demais nos impede de sermos seres com real liberdade. Mas o principal ditador que a maior parte da sociedade adora criticar é Deus e seus terríveis ditames: os dez mandamentos. Mas as pessoas esquecem de olhar os limites com a beleza e a simplicidade que os acompanha: impedir que os menininhos frágeis caiam pela janela.

O que se deveria temer e se revoltar é com domingos nublados! Quem está comigo?

sábado, 15 de maio de 2010

Skinned knees.

Duas postagens no mesmo dia. Deve ser a emoção do início. Começos são sempre maravilhosos, empolgantes, eletrizantes. Acho que a esperança que existe em TODAS as pessoas, com pouquíssimas exeções (talvez não para um vendedor de tênis ou para o "ficante" com um medo incompreensível de compromissos sérios), é que a primeira emoção dure para o resto da vida.

Mas o motivo da segunda postagem é o transbordo (existe essa expressão pra esse contexto?) de idéias para debater, mas com uma eu não pude me conter. Um dos passatempos que gosto (lógico que é um passatempo extremamente breve, não tenho tempo para gastar com coisas assim tão fúteis...) é de olhar os comentários de alguns no MSN, sabe aquela frase que as pessoas colocam ao lado de seu nome...

Fora o tradicional "estou feliz", "TCC", "estressada(o)", "saudades meu amor..." e todas aquelas melecas que todos nós já colocamos, alguns realmente me chamam atenção...e hoje um deles foi o auge da filosofia de vida e dizia o seguinte:

"I wish I was a kid again, because skinned knees are easier to fix than broken hearts." - traduzindo para os não-bilíngues..."Eu queria ser uma criança novamente, porque joelhos esfolados são mais fáceis de concertar do que corações quebrados." É um alívio muitas vezes não tropeçar naqueles poeminhas óbvios e músicas sertanejas que falam sobre a mesma coisa a respeito do amor não correspondido. Na verdade, como eu e meu marido gostamos de comentar, essas músicas são todas de "corno".

Mas ver que alguém soube resumir tão perfeitamente o nosso anseio por um túnel do tempo é sublime e queria compartilhá-lo. Uma vida sem responsabilidades, contas para pagar, relacionamentos decepcionados, ou seja, a vida de uma criança. Acho que a palavra "dependência" aos 13 anos tem uma conotação significamente mais negativa do que quando chegamos aos 23. Você luta a infância e adolescência inteira por ela, e quando a possui, anela por devolvê-la. Por ter aquela vida de volta, em que a pior coisa poderia te acontecer era esfolar o joelho ou tirar um 5 na prova de português. Apesar das maravilhas que acompanham a vida adulta e a maturidade, somos sedentos por dependência.

Deve ser por isso que somos sedentos por Deus.

A primeira impressão.

Dizem que é a primeira impressão que fica. Não sei...já fui odiada em primeira instância e idolatrada em despedidas. Certamente minha primeira impressão deste blog não foi das melhores, não sei se isso irá mudar com o passar do tempo. Não gosto de desabafar para uma tela branca (fonte horrível) como se fosse uma ficha de ocorrência de uma prisão.

Escrevendo apenas 5 linhas já pude apagar umas 6 palavras e substituí-las, agora entendo por que as pessoas hoje preferem o computador a um papel. Apesar do famoso "errorex" (falando nisso, pensa em um objeto que pode ser chamada de diversas coisas!! branquinho, liquipaper, errorex, etc.), o papel mantém a originalidade daquilo que queremos falar, sem edição, sem "backspace". Mas (e lá fui eu com meu primeiro devaneio), por esta ser a opção mais popular e certamente a que pode atingir mais pessoas pelo meu Brasil, vamos segui-lo.

Hoje foi o dia da programação em Porto Alegre, como esposa do pastor imagino que tenha sido minha obrigação ir, mas uma grande aglomeração de pessoas não é algo que me encanta e muito menos algo que me atrai, por isso, contradizendo a lei da boa vizinhança, resolvi ficar em casa. Sábados em casa são um grande refúgio pra mim. Não que eu não goste de visitar e trabalhar nas igrejas (AMO!), mas parece que a companhia de um bom livro e um saboroso bolo assado no dia anterior são um oásis no meio de uma semana de gritarias e marcas de canetões para quadro branco. Para fazer uma história potencialmente longa um pouco mais curta...me pus a ler o livro "Ortodoxia" de G. K. Chesterton. Um livro abundante em palavras difíceis e idéias complexas às vezes até demais para uma simples formada no 3o. grau. Mas ao ler (e aos poucos entender 2 frases de cada 10 que eu lia) percebi como as palavras podem ter um profundo impacto nas pessoas, especialmente em mim...mas não na palavra ouvida (apesar de a Bíblia dar uma ênfase boa nisso), mas na palavra lida. Eu me impacto com a leitura como uma criança que faz sua primeira tentativa na cozinha e o que é produzido é no mínimo comestível, como uma professora que descobre que seus alunos realmente aprenderam o que foi ensinado, como um idoso que experimenta e consegue alcançar ainda os seus calcanhares ao se abaixar (podendo ainda levantar-se depois!).

Por isso resolvi fazer este blog, talvez, no meio de tantos devaneios e palavras inúteis, você encontre algum que faça um impacto como o meu primeiro bolo de chocolate fez para o meu ego culinário. Talvez, nessa primeira impressão, você não volte mais. Mas, como o G. K. Chesterton me falou nesta tarde de sábado..."A poesia mantém a sanidade porque flutua facilmente num mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim torná-lo finito. O resultado é a exaustão mental."

Prefiro flutuar.