segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sem script.

No meu caminho de ida e de volta da escola eu escuto as notícias na rádio. Não sei por que, mas me dá um ar de pessoa culta e informada ao declarar isso. Nunca fui chegada em notícias, não sei se porque sempre tive muitas outras coisas a fazer para ter tempo e paciência para me informar do que está acontecendo a 134.000km de distância ou porque eu não entendia a metade do que estava sendo dito ou que tinha sido escrito no jornal (isso poderia ser devido o meu fraquíssimo conhecimento no mundo da política e principalmente do futebol). O único assunto que eu conheço relativamente bem é religião e me parece que saiu de moda falar sobre ela nos noticiários, ou cansaram das mesmas notícias... Enfim, o fato é que com todas essas indas e vindas de 10 minutos cada para a escola e para casa, resolvi valorizar estes 40 minutos diários (pois é, são duas indas e vindas) para preenchê-lo com algo aparentemente culto e útil como ouvir as notícias. Mas, depois desse devaneio todo, chego ao ponto principal, que é o do que ouvi hoje. Confesso que a notícia elevou o meu ego e me deixou ainda mais motivada para escrever hoje.

O homem da programação anunciou que um especialista (especialista meeesmo, aquelas coisas de pós e mestrado e doutorado e pós-doutorado, blablabla) em comunicação verificou com suas pesquisas que os blogs perderam sua identidade. Disse que hoje em dia, a maior parte dos blogs assumiu um papel de noticiário como muitos sites de jornais. O que uma vez foi o papel do blog, como o de expor idéias e levar os leitores a refletir sobre a vida, a política e a religião...está hoje esquecido.

Então, caros amigos e família (se é que existe alguém que lê o meu blog além da minha mãe e meu marido), sinto-me orgulhosa hoje de ser uma remanecente...emocionante não? Não imagino que minhas idéias ou rebeldias por aqui sejam muito úteis para começar uma revoluçao no nosso país, mas pelo menos exponho aqui algumas coisas que considero relevantes pra mim. Infelizmente, essa pesquisa revela o quanto a nossa sociedade detesta fazer algo (nem sei se devo escrever tão claramente essa palavra, pois pode machucar alguns) chamado PENSAR...algo que tem saido de moda como o velho macacão que se usava quando eu tinha 12 anos.

O famoso CTRL C + CTRL V (copiar e colar para os mais incultos na área da informática) substituiu o pensamento profundo e a solução de problemas por si só. Hoje temos o Google buscas, o Google Maps (esse é muito útil no meu caso que tenho a capacidade de direções menor do que uma barata de cabeça pra baixo!), o Google Books, o Yahoo, o Wikipédia. Todos esses recursos para pensar por nós. Mas poucos param para refletir nas pequenas simplicidades e complexidades da vida e constroem um conceito próprio a respeito dos assuntos da vida.

Quando contei para o meu marido que havia criado um blog, depois de um sorriso, veio a pergunta que imaginava estaria na ponta de sua língua (e eu já tinha a resposta!): "Sobre o que é?" Minha resposta: "sobre o nada!" E só para um teste, contei para mais uns 4 ou 5 que eu havia criado um blog, e a pergunta repetiu-se mais algumas vezes, e alguns até tentavam adivinhar sobre qual o assunto, baseados em meus mais profundos interesses acadêmicos, só para receberem a resposta. O BLOG É SOBRE O NADA. Por que de repente, blogs tem que ter um assunto específico? Não poderia voltar a ser aquilo que ele foi criado para ser? Por que, na verdade, tudo tem que ter uma linha de raciocínio, ou um SCRIPT que devemos seguir em conversas, telefonemas, e-mails, encontros. Por que não podemos falar sobre aquilo que é realmente importante, mas sem impor sobre o adjetivo "importante" um padrão ou uma medida?

Bom, eu prefiro devanear, espero que você venha comigo...

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