domingo, 16 de maio de 2010

Domingos nublados.

Domingos para mim acompanham um sentimento estranho. Eles são um dia de folga sim, aquele cheiro de churrasco no ar (apesar de, sendo vegetariana, o cheiro não é tão atraente), a tradicional moleza no corpo de todos, todos os comércios fechados exceto farmácias. Mas, pra mim, por ser o dia livre mais perto da segunda-feira, não o concidero o mais prazeroso. Sexta-feira a tarde (está chegando o sábado...), sábado (dia maravilhoso)...aí chega o domingo (droga, amanhã já é segunda!). Talvez a minha alegria seja proporcional com a longitude das horas de segunda-feira...quanto mais longe, MELHOR! E alguns poderiam concluir com isso que não gosto do que faço. "Muito pelo contrário", diria a estes. Admiro muito o trabalho de uma professora e confesso admirar muito mais após me tornar uma. São raros os trabalhos que te ensinam algo novo TODOS os dias...mas, dito isso, quem não gosta de um fim-de-semana?

Mas este foi um devaneio...o que eu realmente queria analisar hoje foi uma cena assistida de dentro do Charlie (meu carro Celta vermelhinho...eu sei...carro com nome? que ridículo!). Estava esperando meu marido hoje pela manhã do lado de fora de uma de suas igrejas (atividade que me vejo cada vez mais frequentemente fazendo), lendo um livro (o mesmo...). Então, quando as palavras ficam anuviadas e já se começa a pensar na prima da vizinha da tia da sua mãe é sinal para se tirar os olhos do livro e tentar recobrar o foco. E nesses microsegundos de recobrança foi que notei que havia um menino dentro de um outro carro (Chevete bonitinho, inclusive recém lavado) e passei a me maravilhar com sua capacidade de se divertir tanto sozinho!

Esse menino de no máximo 3 anos ria e parece que sonhava com o que ele poderia fazer com aquele Chevete se ao menos ele tivesse a chave ou um super poder de fazê-lo voar e conduzi-lo com suas próprias mãos. Mechia com o espelho retrovisor, com a marcha, e principalmente com um interesse especial no volante (quem já não foi facinado por um volante?) Mas dentro de literalmente alguns segundos a alegria e o entusiasmo desapareceram. Ele havia descoberto o que viria a ser seu maior vilão: o vidro. Começou a bater no vidro e senti-lo e descobrir que havia um limite nas peripécies e sonhos dele. E ao descobrir isto abriu um bico do tamanho da louça que tenho pra lavar ali na cozinha.

Limites. Detestamos viver com eles mas não sobreviveríamos sem eles. Para o menino, talvez a pior coisa que poderia acontecer naquele momento. Para mim...uma oportunidade a menos de utilizar de meus escassos conhecimentos de primeiros socorros. Era por causa do vidro, das portas fechadas, do freio de mão, da ausência da chave, que o pai podia capinar ao lado em paz, sabendo que seu filho estava em um ambiente no mínimo de sobrevivência. Muitos adoram reclamar e murmurar dizendo que o ser humano deveria ser livre como um pincel na mão de um artista ao produzir a arte(esquecem-se das margens). Dizem que as leis que nos proibem de andar pelados na rua ou bater em um palhaço quando ele te incomoda demais nos impede de sermos seres com real liberdade. Mas o principal ditador que a maior parte da sociedade adora criticar é Deus e seus terríveis ditames: os dez mandamentos. Mas as pessoas esquecem de olhar os limites com a beleza e a simplicidade que os acompanha: impedir que os menininhos frágeis caiam pela janela.

O que se deveria temer e se revoltar é com domingos nublados! Quem está comigo?

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