quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ordem e progresso.

Hoje tem jogo. E o pior? Com o time do meu marido, o São Paulo. Esse é um dia que eu evito pensar que vá chegar, ainda mais em uma copa do Brasil. Se é um amistoso eu ainda consigo destraí-lo para fazer outra coisa, mas com a copa não existe batalha, a questão já está resolvida muito antes até de ser colocada em pauta: a preferência é o jogo.

Meus alunos adoram me perguntar de que time sou (nesse estado é uma pergunta ainda mais necessária do que "qual o seu nome?"), mas detestam minha resposta. A verdade é que, de uns 6 anos pra cá, eu sou uma sem-time. Não tenho time nenhum e não pretendo ter pelo restante dos meus dias aqui na terra. Detesto futebol. Mas não pelo esporte em si, acho muito lindo o talento que alguns demonstram, uma habilidade realmente invejável. Porém, eu detesto o que este jogo trás à tona no ser humano, principalmente o brasileiro.

Poderia passar muito tempo aqui listando tudo o que eu desgosto sobre isso mas tentarei ser breve. Primeiro, qualquer coisa que envolva eu disponibilizando 1 hora e meia para ver 11 homens suados e fedorentos correndo atrás de uma bola é muito mais do que posso suportar. Os times nem mesmo poderiam representar o meu lindo estado do Rio Grande do Sul, me trazer um orgulho gaúcho, por que a MINORIA (se é que existe algum) dos jogadores nem mesmo viveram nesse estado! Então, vem talvez a desculpa que simpatizamos com o jogador e queremos permanecer leais a eles...pois aí vem o meu maior trauma. Eu era torcedora do Grêmio na minha infância, o Grêmio do Jardel, Paulo Nunes e outros grandes jogadores. Agora...o jogador de futebol é que nem pastor de igreja, você nem pode começar a gostar que já muda de camiseta. Mas o pior de tudo está por vir...e é o sentimento de raiva, ódio e repulsa que os torcedores criam pelo outro time, ou seja, pelas PESSOAS do outro time. Quando o assunto é futebol, você esquece os sentimentos e o próprio senso de dignidade das outras pessoas...se é de futebol que está sendo discutido, aí pode chamar o amigo de 500 palavrões, dizer que os Corintianos são todos desempregados, que os São Paulinos são gays e que os Flamenguistas são faveleiros. Perde-se toda a noção de sermos criaturas criadas à imagem e semelhança de Deus, tudo em nome da bola de futebol que tem que entrar na rede!

Oito porcento da população pode dizer que não tem religião, dez porcento da população pode dizer que não tem candidato na eleição e mais de sessenta porcento pode até dizer que não tem dinheiro para pagar suas dívidas...mas dizer que você não tem time de futebol?? Isso é uma blasfêmia digna de apedrejamento!

E nós somos o país da ordem e do progresso. VIVA O BRASIL!

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